Viver mais não significa viver melhor
A conclusão do estudo, que em um primeiro momento pode refletir um avanço na qualidade de vida da população, preocupa especialistas. Isso porque, junto com o aumento na expectativa de vida, vem o alerta: viver mais não significa viver melhor. E, no Brasil, esse impasse é mais latente.
Segundo Kalache, enquanto em países europeus o processo de envelhecimento da população aconteceu de forma lenta e somente depois de um enriquecimento das nações, na qual problemas de infraestrutura já estavam resolvidos, o mesmo não ocorreu por aqui:
— O envelhecimento da população brasileira é um grande desafio para todos nós, pois vivemos em um país na qual ainda temos diversos problemas estruturais para serem resolvidos, como o sistema de saúde público, que é deficitário, um ensino básico de baixa qualidade, entre outros. E isso se reflete na qualidade de vida dos idosos.
De acordo com o relatório da OMS, um brasileiro que vive 75 anos teria uma média de 65 anos com qualidade de vida, sendo os últimos 10 associados a doenças, dependência de cuidados especiais e deficiências.
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— Enquanto isso, em muitos países, como em grande parte daqueles do norte da Europa, as pessoas tem uma expectativa de vida acima dos 80 anos, e um número de anos perdidos com doenças inferior a 10. Elas vivem mais mais tempo e com melhor qualidade — compara o especialista.
Este é, inclusive, um dos pontos principais levantados pelo relatório da OMS, que rejeita o estereótipo dos idosos como frágeis e dependentes, destacando que, enquanto algumas pessoas mais velhas exigirão cuidados e apoio, as populações idosas, em geral, são muito diversas e podem fazer várias contribuições para as famílias, comunidades e sociedade em geral.
Para Bandeira, um dos principais desafios atuais do Brasil melhorar a qualidade de vida dos idosos está relacionado à qualidade do atendimento primário de saúde e à formação de profissionais especializados em terceira idade:
— Precisamos incrementar políticas públicas de promoção e proteção à saúde ao idoso, assim como formar profissionais da saúde que tenham os conhecimentos fundamentais a respeito das peculiaridades do envelhecimento, como mudanças físicas, sociais e psíquicas, para que melhores condições de saúde e cuidado sejam oferecidas a essa população.
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