domingo, 20 de janeiro de 2019



19 DE JANEIRO DE 2019
ANA CARDOSO

Férias de sexo

Calor, praia, verão. Se você tem crianças pequenas e viaja em família, é melhor que pouca roupa, filmes picantes e drinks afrodisíacos não a deixem com vontade de fornicar. Férias são férias de sexo também.

Estamos há algumas semanas na casa da minha sogra, curtindo pernoites gratuitos em Floripa. Como bons turistas precarizados, dormimos todos no mesmo quarto. Ao contrário do que você pode pensar, existe, sim, um quarto para crianças, mas lá o ar-condicionado faz barulho, a cama range, entre outras queixas infantis.

No nosso, que já foi da sogra, da cunhada e hoje abriga os Cardoso-Piangers, o ar e o ventilador de teto funcionam. Resultado: eu nem lembro a última vez que vi o pingolim do meu marido.

Dormir em quatro numa cama para dois é jogar fora o investimento de pilates e yoga de um ano inteiro. Não tem uma noite em que eu não acorde com os braços amortecidos ou chutes infantis na cara. A gente evitava os colchões no chão. Achava tão excursão de adolescentes, 10 numa casa que era pra quatro. Colchões empilhados, gente acordando com outro pisando no seu travesseiro e a sensação crocante de areia nos dentes. Não éramos essas pessoas. Mas viramos!

Há dias, instalamos dois colchões nas laterais da nossa cama, o cafofo 1 e o cafofo 2, cada qual com a sua peculiaridade. Não sobrou muito espaço no chão do quarto, mas é o preço que pagamos por essa expansão na capacidade dos leitos.

O cafofo 1 fica à esquerda da cama, encostado na parede da janela. Tem privacidade, pode ficar no celular ou se mexer bastante que não atrapalha ninguém. O cafofo 2 é um luxo: o ar e o ventilador pegam direto nele. Uma delícia. A localização privilegiada, no entanto, cobra seu preço: próximo à porta e a uma parede interna da casa, capta cada sonzinho de fora. Ruídos do banheiro ou de louça na cozinha são amplificados no travesseiro.

Toda essa explicação é um prólogo para tratar do assunto principal: a falta de sexo. Minha geração - nós, bananas, que deixamos os filhos dormirem no nosso quarto - será responsável pela extinção dos librianos. Não se produzem mais filhos em janeiro para nascer em outubro. Comentei sobre o assunto com uma amiga que tem dois hóspedes permanentes no seu quarto - outrora uma masmorra da luxúria. 

Ela me contava sobre um casal de amigos superfogosos que adotaram duas crianças no ano passado quando minha filha maior apareceu e interrompeu o papo. Sexo na praia? Só serve mesmo pra nome de drink (Sex on the Beach). Se a gente não consegue nem falar sobre, que dirá fazer!

P.S.: este texto não é 100% verdadeiro e contém ironia.

ANA CARDOSO

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