sábado, 30 de janeiro de 2016



31 de janeiro de 2016 | N° 18431 
CARPINEJAR

Roubava a própria casa

Na infância, não sei bem o motivo, mas não tinha direito à cópia da chave de casa. Vinha do colégio desfalcado de medos.

Só os adultos recebiam a honra do molho com chaveiro. Era outro tempo: menos assalto, menos violência, sem cercas eletrônicas, mais crianças brincando na rua. A mãe ou o pai ou um dos três irmãos sempre estava na residência para abrir a porta. Não me preocupava com segurança.

Mas enfrentava momentos de azar quando não havia ninguém, tarde de passeio no supermercado e de reivindicação das preferências de cada um no rancho. Ansioso e hiperativo, não esperava obediente no banco de madeira. Fui um ladrão do próprio lar. O meu tipo físico ajudava: magrinho, ágil, de pernas longas.

Conhecia quais as janelas que poderiam estar destrancadas e forçava as venezianas, experiente dos pontos fracos e dos hábitos dos moradores. Não me encabulava de saltar o portão do pátio. Escalava as paredes para me esgueirar em uma fresta e pular para dentro da sala. Com arame de um cabide quebrado, puxava a chave reserva do gancho da parede. A minha maior façanha foi um dia em que subi o telhado, apoiando-me no muro, e desci pelo alçapão do banheiro. Eu me sentia um herói da ilegalidade. Festejava as minhas transgressões.

Dessa experiência, desenvolvi o meu olhar de fora, estrangeiro, sobre a rotina. Enxergava a minha casa como se não fosse minha, para aprender a entrar sem a chave. A brincadeira me preparou a manter um distanciamento dos laços de sangue, com facilidade para inventar e me transformar em personagem. Admirava observar os pais e irmãos pelas vidraças da rua, com o talento de um fantasma. A minha alegria era não existir, era me ausentar por completo, era ser um anônimo observando aquelas pessoas pela primeira vez.

Acabei sendo o único que não seguiu Direito. Numa família de defensores, promotores e juízes, escolhi ser um marginal da palavra. O escritor é aquele que nunca se vê inteiramente adaptado e sempre assalta a intimidade e o passado dos próximos. Tenho pena de meus irmãos, até hoje roubo as memórias deles e jamais devolvo. Nunca teve graça apertar a campainha e avisar da minha chegada.

*O colunista entra em férias nesta semana e retorna em março.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Assalto em condomínio

Bandidos se disfarçam de carteiro para assaltar residencial no RS

Criminosos se vestem de carteiros e fazem reféns durante assalto em Santa Maria

Na manhã desta terça-feira (19), criminosos se passaram por carteiros para assaltar um prédio na região central de Santa Maria. O caso ocorreu por volta de 9h, na Rua Pinheiro Machado, próximo do Hospital de Caridade da cidade.
 
Uma mulher e quatro homens chegaram no local do crime em um veículo identificado com a logomarca dos Correios. Primeiramente, um homem vestido com uniforme dos Correios desceu do carro e foi em direção ao prédio, com caixas e cartas com embalagens padrões e se identificou para o porteiro.
 
Como o volume da falsa encomenda era alto, foi permitido que o “carteiro” entrasse no prédio e fosse em direção ao apartamento de uma idosa. Nesse momento, o criminoso pegou uma arma que estava escondida embaixo da caixa e anunciou o assalto, quando outros três bandidos entraram no prédio.
 
O porteiro foi rendido e levado para o apartamento da idosa no sexto andar do edifício. Os criminosos lhe obrigaram a entregar a caixa e quando ela foi recebida pela cuidadora de 17 anos, os assaltantes entraram no apartamento. A cuidadora e o porteiro foram rendidos e amarrados em um quarto. Os bandidos arrombaram o cofre que estava no quarto da idosa, que sofre de Alzheimer, entretanto nada foi levado.
 
Os criminosos fizeram os reféns irem até o apartamento da filha da idosa, no quarto andar. No momento do crime, somente a filha de 15 anos e uma funcionária de 21 anos estavam no apartamento, todos foram rendidos. Um cofre chegou a ser retirado, mas foi abandonado em seguida. Foi confirmado o roubo chaves, um telefone celular, joias e relógios.
 
Os criminosos fugiram apenas com os pertences, sem levar o cofre. Os reféns conseguiram se libertar sozinhos após a saída dos assaltantes e acionaram a polícia, após momentos de pânico. Durante toda a ação, a mulher envolvida no crime ficou aguardando no suposto carro dos Correios. Imagens de câmeras de monitoramento devem auxiliar na investigação da Polícia Civil.
 
Os Correios aguardam as informações da Polícia para comentar o caso, mas informaram que nenhum uniforme da empresa foi roubado e de que todos os seus funcionários realizam entregas devidamente uniformizados e com crachá de identificação.

Fonte: http://plantao.rs/ 

Assembleias cheias

Como tornar este evento atrativo aos condôminos
Pesquisa realizada pelo portal SíndicoNet aponta que as assembleias contam, em média, com um quórum de apenas 15% dos condôminos.

Por isso, preparamos uma reportagem especial para entender o que desmotiva os condôminos e como é possível tornar esse evento mais interessante.

MOTIVOS

As razões para o condômino não participar são variadas:
  • isenção: prefere não se posicionar sobre determinados assuntos
  • desinteresse: não participa por pura comodidade ou porque os assuntos em pauta são pouco relevantes
  • aprovação: está satisfeito com tudo e confia na administração. Por isso, não vê necessidade de sua participação.
  • falta de tempo: não tem tempo para participar ou considera o tempo de duração muito elevado
  • uso excessivo de procurações: apesar de ser permitido por Lei, desde que a convenção não proíba ou determine limites, o uso em excesso de procurações é muito criticado pelos demais condôminos. Trata-se de uma prática que, se usada de forma abusiva, compromete (e muito) o objetivo democrático de uma assembleia.
  • falta de objetividade no tratamento dos assuntos em pauta: Ficar mais de duas horas falando sobre aspectos nem sempre pertinentes a todos os moradores pode tornar-se um suplício. “A maioria das pessoas quer esclarecer todos os problemas do condomínio na assembleia, com cada um defendendo seu ponto de vista, desrespeitando o que foi definido na pauta”, acredita Sueli Duek. Desta forma, perde-se o foco com questões que podem ser resolvidas apenas fazendo uma sugestão ou crítica no livro de ocorrências do prédio, que geralmente fica na portaria. 

CONVOCAÇÃO

Para a maioria das fontes consultadas para esta reportagem, além do procedimento convencional de convocação por edital, é aconselhável reforçar o acontecimento por meio de comunicados no elevador, quadro de avisos e até e-mails. Pode-se solicitar também ao porteiro ou zelador que ligue para todos os apartamentos uma hora antes da primeira convocação.

 
Dicas para uma convocação bem-sucedida:

Em relação ao edital, recomenda-se que este tenha no máximo seis itens em pauta; 
  • as pautas devem ser claras, pertinentes e necessárias;
  • se achar conveniente, estipular e mencionar tempo máximo de duração (a média costuma ser de duas horas)
  • colocar observações como: "A sua presença é indispensável para o bom andamento e valorização do nosso patrimônio";"Os ausentes, por Lei, deverão acatar com todas as decisões tomadas".
  • atente se nesse dia haverá algum jogo de futebol ou qualquer outro evento popular importante, ou se é próximo de feriado prolongado;
  • peça ao porteiro para colocar nos elevadores, um dia antes ou no dia da assembleia, um lembrete simples, como: “Não se esqueça: hoje, você tem um compromisso com o seu condomínio!”. Essa atitude chama a atenção dos moradores para a reunião.
  • assuntos mais chamativos: reajuste da mensalidade condominial; cotas extras para reformas em geral: pintura e lavagem do prédio, manutenção de elevadores, obras na fachada etc.; eleição de síndico; sorteio de vagas de garagem; troca de funcionários próprios por terceirização. 
 

DATAS, HORÁRIOS E DURAÇÃO

  • O tempo ideal de duração de uma assembleia deve girar em torno de 1h30 a 2h. 
  • No quesito horário, o mais recomendado é entre 20h e 20h30, para dar tempo de as pessoas chegarem do trabalho, e para que a reunião não termine muito tarde.
  • Fazer a primeira chamada entre 19h30 e 20h e aguardar até às 20h30, para o segundo e derradeiro aviso.
  • Inicie sempre no horário (geralmente na segunda chamada, uma vez que a participação da primeira dificilmente é alcançada).
  • É bom considerar que entre segunda e quarta-feira as pessoas estão no ritmo mais intenso de trabalho e, provavelmente, mais disponíveis para participar de reuniões. Muitos não descartam a quinta-feira como opção, desde que não seja próxima de um feriado
  • Não é recomendado realizar assembleias nos fins de semana. Entretanto, caso seja esta a opção, prefira o horário das 10h ou 15h, e aos domingos – em um caso extremo – às 10h ou 11h.

O QUE SERVIR?

Para alguns dos profissionais consultados pela reportagem, água, café e, no máximo, biscoitos, são suficientes, já que estamos falando de uma assembleia, não exatamente de uma festa ou confraternização.
Por outro lado, há quem prefira tornar essa reunião mais descontraída, com aperitivos diversos, sanduíches, refrigerantes, até como forma de acalmar os ânimos dos condôminos mais exaltados. “As pessoas interagem mais e perde-se um pouco da hostilidade de alguns”, sugere Rodrigo Matias.
Álcool, contudo, é terminantemente proibido: pode causar constrangimentos irreversíveis entre os moradores. 

USO DE PROCURAÇÕES

Conforme mencionado nesta matéria, o uso excessivo de procurações, apesar de ser permitido por Lei, desde que a convenção não proíba ou determine limites, é muito criticado pelos demais condôminos.
Trata-se de uma prática que, se possível, deve ser evitada, pois se usada de forma abusiva, compromete (e muito) o objetivo democrático de uma assembleia, desestimulando assim a presença dos demais participantes.
Se a convenção do seu condomínio não estabelece limites para isto, a única saída é conseguir aprovação de 2/3 do total dos condôminos para alterar a convenção.
Saiba mais sobre alteração de convenção clicando aqui 

O PAPEL DO SÍNDICO

O síndico deve exercer o papel de mediador, mantendo a ordem e a coletividade. “Se, durante a reunião, apenas um morador faz perguntas, a assembleia torna-se desinteressante”, opina Rodrigo Matias. Em assuntos mais polêmicos que envolvam reformas, por exemplo, é sempre importante realizar uma votação.
Juraci Garcia Baena lembra ainda que o síndico precisa estar bem informado sobre todas as questões que envolvem o condomínio. “Além disso, ele precisa ter muito jogo de cintura e tolerância”, avisa.
O mais importante, na opinião dos síndicos e administradores consultados pela reportagem, é manter sempre o roteiro da pauta, minimizando as eventuais “escapadas” do tema. Na ânsia de resolver seus problemas, os condôminos podem discutir assuntos sem relevância para a coletividade. “Bons exemplos são questões como vagas de garagem, barulho, entre outros, em que se gasta tempo, o problema não é resolvido e deixa os demais participantes chateados”, ressalta Baena.
Uma alternativa é que esses assuntos de ordem geral sejam discutidos fora de hora, no final da assembleia. Assim, só quem estiver envolvido com os tópicos participará.

Dicas e idéias interessantes: 

  • Antes da convocação, procure debater informalmente e colher informações com os condôminos sobre os pontos mais complexos a serem pautados. Isso pode ser feito por meio de uma breve reunião informal, ou até mesmo via troca de e-mails, por exemplo. Mas é muito importante que todos sejam convidados a participar, para evitar que alguém se sinta excluído ou desfavorecido.
    Assim, quando ocorrer a assembleia, os interessados estarão melhor informados sobre a pauta e poderão contribuir com idéias, opiniões e/ou sugestões mais objetivas. Isso pode tornar o debate visivelmente mais produtivo
  • Defina uma mesa com presidência e secretaria que sejam referência no condomínio, para que todos respeitem.
  • Determine o assunto a ser tratado e só passe para outro depois de resolvido e anotado na ata.
  • Esforce-se para manter a seqüência estabelecida pela pauta, negociando as questões novas para o final da reunião. Se conseguir, a assembleia está garantida.
  • Nunca manobre: discuta cada item sempre de forma transparente.
  • Os assuntos a serem tratados podem  ficar expostos em cartazes pela sala de reunião.
  • As cadeiras podem ser dispostas em um círculo, facilitando a comunicação face-a-face.
  • Sortear algum brinde de boa qualidade durante a assembleia pode surtir efeito em alguns casos. Se for o seu, coloque na convocação que haverá essa prática.
  • Mantenha o material (orçamentos, provisão orçamentária, extratos bancários, fotos de obras e serviços etc.) organizado e, se possível, mostre aos condôminos por meio de retro-projetor ou computador, por exemplo, tornando a reunião menos cansativa.
  • Outra boa medida é levar cópia da Convenção e do Regulamento Interno, para possível consulta.
  • Um dia depois da reunião, coloque um cartaz nos elevadores informando os principais tópicos discutidos e seus resultados, para que todos saibam o que aconteceu na assembleia. A ata deve ser rigorosamente enviada aos condôminos em até oito dias. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016


A mais nova moradora de nosso Condomínio..Chegou a Beatriz...
Parabéns aos papais corujas Carlos e Karen..
Que cresça com muita saúde...Tudo de bom...


Quatro dicas para aumentar sua produtividade

26/01/2016

Especialista aponta hábitos que devem ser adotados para melhorar o rendimento no trabalho

Organização e atenção aos detalhes podem ser o caminho para aqueles que desejam garantir a produtividade no trabalho. Mais do que cumprir as demandas diárias, é preciso otimizar o tempo e assegurar a excelência na execução das tarefas. Nesse contexto, as organizações podem adotar medidas simples que auxiliam os colaboradores a melhorarem seu rendimento.

Para o coordenador de Projetos da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Luiz Eduardo Teixeira Malta, é primordial que os gestores da empresa identifiquem os pontos que precisam ser melhorados e incentivem mudanças nas ações das pessoas. “O colaborador tem que se sentir parte, tanto dos problemas quanto das soluções, da organização e os líderes têm a obrigação de direcionar os funcionários para a execução das atividades”, afirma Luiz.
Confira, abaixo, algumas dicas para incentivar seus colaboradores a aumentar sua produtividade.

Organize as tarefas

A tarefa de organização deve ser fácil, rápida e habitual. Por isso, estabeleça prioridades e faça uma relação de atividades, para que nenhuma seja esquecida. Pode ser uma lista, uma planilha, um aplicativo de celular ou outro lugar, mas você precisa ter acesso fácil e com frequência. Separe-as de acordo com sua rotina, seus horários disponíveis e real urgência dessa tarefa. Assim, você terá noção do que é importante e deve ser feito primeiramente e do que pode ficar para outro dia.

Controle o tempo de trabalho e descanso

Um profissional produtivo não é aquele que cola o rosto no monitor, leva trabalho para casa ou almoça enquanto faz as atividades. Essas atitudes, que visam adiantar o serviço, na verdade, fazem a produtividade cair e trazem até problemas de saúde. Por isso, é recomendável intervalos de 10 a 15 minutos para cada uma hora e meia de trabalho. As atividades não devem ser exaustivas, então, quando perceber que não consegue mais continuar, pare. Dê um intervalo que possa aliviar o estresse e recarregar as baterias para, quando voltar, você produzir mais e melhor.

Cuidado com o celular e as redes sociais

Hoje em dia, eles são as maiores armadilhas para a perda de tempo, se mal utilizados. Portanto, usá-los em demasia pode atrasar as suas atividades. Por isso, se quiser ser produtivo, comece nas configurações desses serviços. Desative as notificações do celular ou mesmo desligue-o durante uma atividade que demande maior concentração. Evite distrações e estabeleça horários específicos para acessar seus perfis.

Não seja perfeccionista demais

Não descarte todo um trabalho só porque não ficou completamente perfeito. Isso não significa que se deve entregar algo sem qualidade, apenas não demande tempo sendo perfeccionista.

sábado, 9 de janeiro de 2016



09 de janeiro de 2016 | N° 18409
PALAVRA DE MÉDICO | J.J. CAMARGO

O QUE CABE NUM ABRAÇO


O William era filho único de um pai rico e bem-sucedido. Sobrecarregado pela cobrança de equivalência com o sucesso do pai, fez uma série de escolhas equivocadas na tentativa vã de encontrar uma trilha própria, com reconhecimento personalizado, desapegado do modelo paterno. Quando lhe ofereceram um emprego em Londres, viu uma chance áziga de dar uma utilidade ao curso de Comércio Exterior que, até então, soava-lhe no currículo como um título abstrato. 

Mas, mais do que tudo, percebeu que a distância traria uma trégua na competição desgastante que mantinha consigo mesmo. Descobriu, então, que a vocação para o sucesso empresarial era genética e, depois de seis anos, já comandava uma importante agência no centro financeiro de Londres. Neste tempo, o trabalho obstinado restringiu a relação familiar a telefonemas rápidos e focados na saúde dos pais e à repetição exaustiva dessas frases de pseudoafeto que dizemos na ânsia indisfarçada de encerrar uma ligação amorfa.

Uma dessas chamadas foi na véspera do Ano-Novo de 2009. Era a quarta virada de ano longe da família, a mãe pareceu chorosa como sempre, mas a voz do pai, recordaria depois, parecera mais cansada e, do nada, o velho dissera: “Não sei quantos Anos-Novos ainda festejarei, mas espero que o seu Ano-Novo seja muito feliz!”. Na hora, pensou: “O velho, manhoso como sempre, fazendo seu charme!”.

E, na mesma linha de cordialidade, respondeu: “Que os seus próximos 30 anos também sejam!”. Lembrava bem desse diálogo porque, ao desligar, se dera conta de que os 30 anos oferecidos no final da conversa eram um exagero, afinal, o pai já passara dos 70. Mas o desconforto desta constatação durara poucos segundos porque a vida frenética que levava não lhe permitia abstrações. Só ficara como definitiva a percepção que o aumento do intervalo entre os telefonemas, perceptível nos últimos meses, só fazia crescer a ansiedade por encerrar a conversa seguinte. Por isso, quando a mãe lhe chamou na véspera do Natal de 2010, ele já atendeu acelerado: “Diga lá, mãe, o que há de novo?”. Houve um silêncio e um soluço. O choro antes de começar a falar era uma inversão que prenunciava notícia ruim.

E ela veio. “É o seu pai, meu filho! Estive preocupada há meses com a prostração dele. Ele escondeu de mim o mais que pôde, mas ontem me confessou que está morrendo. E pediu que não te incomodasse, mas sei o quanto ele gostaria de lhe ver, desde que você não tenha nada mais importante para fazer!”

Na última frase, toda a mágoa arquivada desde uma noite infeliz em que ele dissera: “Desculpe mãe, mas vou desligar, porque meu dia ainda não terminou e tenho coisas muito importantes para fazer!”. Decidiu voltar aproveitando o feriado de Ano-Novo, quando os negócios esfriavam e poderia dar alguma atenção ao casal de velhos carentes que agora passara a ligar quase diariamente e, se isso não bastasse, ainda terminava em mar de lágrimas.

O reencontro foi chocante. O pai muito magro, a mãe deixara de pintar os cabelos, quase não os reconheceu. Impactado pela descoberta do quanto o abandono de filho envelhece os pais, ele tentou várias vezes explicar a ausência prolongada. E o velho pai sempre interrompia, dizendo: “Não diga nada, meu filho. Eu tenho o maior orgulho de você!”.

Na véspera do Ano-Novo, ele chamou os dois e disse: “Gente, eu não tenho experiência nesta coisa de morrer, mas acho que é isto que está acontecendo comigo. Me abracem!”. Os três ficaram assim, enlaçados durante um longo tempo. Até que perceberam que o pai já não estava. O William confessou-me, tempos depois, que naquele momento descobrira que tudo o que é realmente importante cabe num único abraço.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016


06 de janeiro de 2016 | N° 18406 
MARTHA MEDEIROS

Arte de rua


Miami sempre esteve na minha lista de cem lugares a evitar antes de morrer. Acreditava que a cidade fosse apenas um grande shopping a céu aberto, e minha paciência é curta para o entra e sai de lojas.

Até que em 2011 me convidaram para participar da Feira do Livro de Miami e meus preconceitos começaram a ruir. Feira do Livro? Em Miami? Descobri que não só se lia em Miami, como também se ia ao cinema, a concertos de música erudita e a galerias de arte – inúmeras. Aliás, em Miami acontece uma das maiores feiras de arte dos Estados Unidos, a Art Basel, que na primeira semana de dezembro atrai artistas do mundo todo. Retirei-a da minha lista de antipatias.

Dias atrás, retornei à cidade para mergulhar nas águas cálidas de South Beach, virar o ano longe das más notícias do Brasil e disposta a conhecer o bairro de Wynwood, que alcançou projeção instantânea por sua arte de rua.

Não se fala de outra coisa por lá. Era uma área de má fama, lotada de galpões abandonados. Até que um empresário chamado Tony Goldman convocou alguns artistas para juntos apresentarem uma mostra de 40 muros grafitados. Nascia o Wynwood Walls. Um museu ao ar livre. Pop. Colorido. Impactante. Estavam salvos o bairro e a reputação de Miami.

Hoje são centenas de murais, um ao lado do outro, rua após rua – uma festa para os olhos e o espírito. Ao redor, se instalaram restaurantes, ateliês, lojas conceituais, tatuadores, coffee shops, todo um comércio voltado para consumidores descolados, que rejeitam o lugar-comum.

Galões de tinta, inspiração e boa vontade: uma fórmula simples para transformar o feio em bonito, o velho em novo – ainda que me pareça um pouco estranho ver aqueles turistas todos (eu inclusive) perambulando pelas ruas como se estivessem num zoológico de paredes, fazendo selfies contra muros, marcando ponto num bairro da moda. Toda revitalização deve preservar a integridade do local, ou seja, tem que incluir os moradores. Não sei se vi os moradores da região. Ou é um projeto agregador, ou é pra inglês ver.

Não sei, não sei. Foi só uma interrogação que surgiu.

O que importa é que é cultura, é arte, é inspirador. E atenua o clichê sacoleiro que colou em Miami. Um shopping a céu aberto com um museu ao ar livre dá, no mínimo, empate.

De volta à rotina: hoje eu caminhava pelo meu bairro e quase fui sugada por um buraco da calçada. Reparei nos fios de luz que se enroscavam entre os postes. Vi uma parede pichada, que é bem diferente de um grafite. Edifícios sem personalidade. Nenhuma provocação visual, nada de cor, humor e graça pelas ruas. E me ocorreu que um viajante desavisado das nossas atrações culturais poderia muito bem incluir Porto Alegre entre as cem cidades a evitar antes de morrer.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Portões automáticos

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Por que quebram tanto? Veja aqui dicas e orientações sobre os modelos mais adequados e contratação de manutenção preventiva

Portões automáticos
Imagine um equipamento que, dependendo do condomínio, pode ser acionado mais de mil vezes por dia, cujo trabalho seja crucial tanto para  a segurança quanto para o bem estar dos moradores do condomínio.
Imagine-o dando problema mensalmente. Imagine o síndico desse empreendimento sendo questionado, a cada falha, e tendo que explicar para muitos moradores, o problema da vez. Esse cenário é o que muitos síndicos precisam enfrentar com seus portões elétricos, ou automáticos.
O equipamento surgiu para dar rapidez e autonomia à entrada e saída dos moradores do condomínio. Com um pequeno controle, é possível acionar o portão da garagem para que o mesmo se abra, permitindo a passagem do veículo, e se fechando em seguida, sem que ninguém precise sair do seu carro, ou do seu posto de trabalho.
Veja abaixo alguns tipos e cuidados que se deve ter com o equipamento no seu condomínio:
 

Tipos

  1. Pivotante: a abertura é feita por meio de um eixo central e vertical, sustentado por pivots, pelos quais o portão gira. Acontece que, muitas vezes estes pivots não são suficientemente fortes para sustentar e manter o portão no prumo. Assim, a estrurura do portão deve ser reforçada e os pivots devem conter rolamentos. Por causa disso, esse tipo de portão é o menos indicado para condomínios, já que o abrir e fechar constante causam maior desgaste.   
     
  2. Basculante: é o tipo de portão que abre para cima, com um eixo horizontal através de polias e guias laterais. Apesar de ser o mais comum em condomínios, pois ocupa menos espaço, precisa de muita atenção. Para evitar dores de cabeça, o equipamento deve estar muito bem balanceado e estar com a manutenção preventiva em dia, com as peças bem lubrificadas e os cabos em boas condições de uso. 
    Apesar de trabalhar contra a gravidade, o peso do portão tem pouco a ver com o seu bom funcionamento, já que trabalha com a ajuda de contrapesos. Se for feito de um metal mais pesado, mas tiver um motor compatível com seu peso, o sistema funcionará normalmente. 
     
  3. Deslizante: (abertura lateral) considerado pelos especialistas como o equipamento mais econôminco e que dá menos problemas para o condomínio. Mesmo assim, precisa de manutenção preventiva constante - como os outros tipos - e seu uso deve estar de acordo com as especificações do portão. 

Qual o mais adequado

O mais importante é que o motor seja compatível com portão e a frequência de uso. Os especialistas citaram como o maior causador de problemas para o uso do equipamento é o subdimensionamento do motor – que muitas vezes pode ter sido entregue de maneira errada pela construtora.

É importante que o motor apresente potência de acordo com o peso do portão, e que seu número de ciclos (de abertura e fechamento, por hora) também esteja compatível com as necessidades do condomínio. Ou seja, um empreendimento que tenha um horário de entrada e saída extremamente corrido, não pode considerar apenas 15 ciclos por hora. Ele pode funcionar por um período, mas isso irá gerar desgaste das peças e menor tempo de uso do motor.
 
Para o condomínio que deseja mais segurança e agilidade de abertura e fechamento do portão, isso também deve ser levado em conta no momento de se adquirir um novo equipamento, já que a velocidade dos ciclos do portão depende do tipo de motor e da estrutura do portão. No mercado, hoje existem modelos super-rápidos de portões automáticos - mais recomendados para os tipos deslizantes e basculantes. 


Acesso

Atualmente há diversas formas de se acionar a abertura da garagem, a maioria por rádio-frequência – seja o próprio morador ou um controlador de acesso remoto. Há também selos ou tags, como os usados para pagar pedágios em rodovias.
 
Porém, o mais seguro é combinar o acionamento por rádio frequencia linear, mais moderno, combinado com a digitação de uma senha em uma botoeira na entrada da garagem. Dessa forma, ao abrir o vidro, o controlador de acesso consegue ver se é o morador quem está abrindo o portão, e com a utilização da senha, fica mais fácil acionar um código de pânico, caso haja alguém escondido dentro do carro, por exemplo.
 
O sistema de rádio frequência linear também permite que haja maior controle de horários, saber quem entrou ou saiu em um determinado horário, além de liberar a entrada e/ou saída de prestadores de serviços em horários previamente combinados.
 
Outro ponto positivo é que em caso de perda ou roubo esse acionador específico pode ser excluído do sistema, evitando assim que ladrões ingressem no condomínio após a perda ou roubo do mesmo.
 
Os sistemas convêncionais de rádio frequência do tipo 4 -3-3, os controles antigos, estão caindo cada vez mais em desuso, pois são mais suscetíveis a ataques externos: são mais fáceis de clonar e muitas vezes, quando um acionador é perdido ou roubado, todos os outros moradores precisam trocar ou reprogramar os seus, gerando assim um desconforto para o condomínio.
 
Caso um condômino perca o controle, o síndico deve ser avisado imediatamente. Nos casos de acionadores antigos, o ideal é que todos sejam trocados. O custo da substituição depende do que está acordado em cada condomínio. Se for um sistema de rádio frequência linear, só o controle perdido será desabilitado.

Recarga de extintores

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Orçamentos fechados ou abertos, qual a melhor opção?

Coleta Seletiva
Com cada vez mais incidentes de incêndio em condomínios nos últimos anos, a atenção dos síndicos e administradores vem sendo redobrada para um item de segurança muito presente e importante no combate ao fogo: os extintores de incêndio.
O equipamento deve ser recarregado anualmente - apenas o de CO2 deve ser inspecionado a cada seis meses, e recarregado se houver necessidade. As mangueiras também merecem atenção, mas devem passar por teste hidrostático apenas a cada cinco anos. 
E algo que poderia ser corriqueiro para o cotidiano do condomínio como uma manutenção anual pode virar uma dor de cabeça muito grande para o síndico que não está familiarizado com o processo.
Isso porque um orçamento um pouco mais em conta pode vir com uma surpresa: o custo das peças a serem trocadas a parte, o que encarece bastante o preço final do serviço.


Tipos de orçamento

“Já chegamos a ver diferença de mais de 800% entre a cotação e o preço final do serviço”, explica Raquel Tomasini, gerente de produtos da Lello.
Para evitar esse susto, muitos condomínios optam pelo orçamento fechado, que contempla quase tudo. Apesar de poder chegar a ser 40% mais caro do que o orçamento inicial sem peças, essa modalidade não cobre, por exemplo, extintores que precisem ser substituídos – ficando esse encargo, sempre, para o condomínio.
Mas, mesmo dando mais tranquilidade para o síndico por saber que o valor cotado será mais próximo do que será cobrado pela prestadora de serviços, nem todos recomendam o orçamento fechado.
“Eu oriento os síndicos a acertarem com a mesma empresa, para que tenham um serviço mais uniforme. O orçamento aberto sempre tem o fator surpresa, mas pode ser que não saia tão caro quanto o fechado. Por isso, escolher o orçamento aberto também é uma opção a ser pensada”, ensina Sergio Meira, do Secovi-SP.
Portanto, é preciso ponderar se o orçamento mais barato – o aberto – será mais vantajoso, já que esse valor certamente não será o final, mas em alguns casos, ele pode, sim ser mais baixo do que o orçamento fechado, dependendo principalmente do estado dos extintores.
A maior dificuldade para se chegar ao preço certo se dá porque isso só acontece quando todos os extintores forem abertos. É apenas nesse momento que o prestador de serviço consegue avaliar com segurança os itens que sofreram mais desgaste e precisam ser trocados.
As peças que apresentam maior índice que troca são:  manômetro, o ring, pera, tubo, sifão e válvula. Sendo que essas últimas podem também ser reparadas.
Vale ressaltar que independente da modalidade do orçamento, o mesmo deve descrever minuciosamente o que está incluso no preço ou não, assim como o valor das recargas de água, pó químico, CO2. Também deve constar se a pintura dos equipamentos faz parte do pacote ou se deve ser acertada à  parte – o que também encarece o valor final do serviço.


Obrigatoriedade

É importante lembrar que a recarga dos extintores é uma obrigação legal do síndico, e não há opção entre efetuá-la ou não. Daí a importância de que esse aporte esteja previsto no planejamento financeiro do condomínio, evitando que a manutenção se torne um peso extra nas contas do local.


Como escolher a empresa

Ao escolher a prestadora de serviço, o primordial é que ela seja certificada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), veja aqui a situação da empresa junto ao órgão.
No estado de São Paulo, a empresa também deve ser cadastrada na Cetesb.
Também é de suma importância que haja um engenheiro no quadro de funcionários da empresa. Ao efetuar a recarga, os extintores em conformidade com a lei brasileira devem, receber um selo do Inmetro.
A ordem de serviço deve ser preenchida e assinada pelo técnico responsável pela manutenção.
Selo INMETRO
  • Desde de março de 2001, foi criado pelo INMETRO um Selo de Conformidade para extintores, que garante a qualidade do equipamento e das empresas especializadas na manutenção
  • O selo deve ser trocado a cada manutenção do equipamento, com a data do próximo vencimento (como na troca de óleo de um carro), e é válido em todo território nacional
  • O selo garante que o extintor ou serviço de manutenção foi certificado por uma instituição credenciada pelo Inmetro


Evite fraudes

É importante escolher uma empresa que ofereça a possibilidade de devolução dos extintores caso não haja acordo depois que o orçamento final – com peças e reparos – seja apresentado. Dessa forma, o síndico não fica obrigado a pagar um serviço cujo valor final passe demais do seu orçamento.
Para garantir que os extintores não sejam trocados pela empresa contratada, nossos consultores sugerem que o síndico peça ao zelador para que anote o número dos extintores, ou que faça uma marca – como um ponto de esmalte de uma cor que se sobressaia – no seu equipamento. Assim, haverá a certeza de que o extintor devolvido é o mesmo que foi enviado à empresa.


Sem extintores

O condomínio não pode ficar sem extintores. Portanto, para que a manutenção aconteça, e o local não fique desguarnecido, há duas saídas:
  • Empresa faz a manutenção em duas etapas – leva primeiro os extintores de andares pares e depois, dos ímpares; assim se algum pavimento passar por alguma situação de combate ao fogo, é rápido chegar ao equipamento
  • Empresa empresta os extintores: algumas prestadoras de serviço oferecem esse diferencial, se informe ao cotar com o fornecedor 

Passoa a passo da contratação

  1. Cotação com empresas: Cuidado com orçamentos muito abaixo da média do mercado
  2. Avalie e escolha qual a melhor opção: orçamento fechado ou aberto
  3. Certifique-se de que a empresa é certificada pelo INMETRO
  4. O técnico visita o condomínio, checa os equipamentos, entrega um laudo e orçamento
  5. Aprovado o orçamento, retira os extintores, deixando equipamentos de reserva no local
  6. No retorno, verifique se o lacre não está violado e se os extintores não foram trocados 

Inspeção

Mas não é só no momento da manutenção que o condomínio deve ficar atento aos seus extintores. Pelo menos duas vezes por semana, o zelador deve verificar cada um deles, para se certificar se houve uso ou se foi descarregado. Nesse caso, ou se houve perda de pressão, o mesmo deverá ser recarregado.

Serviço


Fontes consultadas: Carlos Lima, gerente comercial da No Fire, Sergio Meira de Castro, diretor da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP e colunista SíndicoNet, Raquel Tomasini, gerente de produtos da Lello condomínios, Gabriel Karpat, diretor da administradora GK e colunista SíndicoNet, Alex Castilho Candido, proprietário da RBK, Josenilson Ribeiro, gestor de providências da VIP, Vistorias Inspeções Prediais, Cristiane Salles, gerente de condomínios da administradora Protel, Antonio Palomino, coordenador da empresa Nefran, Vania dal Maso, diretora de condomínios da administradora Itambé