Segurança nos condomínios também depende dos moradores

Por Gabriel Karpat*

Há muito tempo que as edificações são alvos da ação de bandidos. Recentemente, entretanto, tais ações tornaram-se mais frequentes e, em muitas ocasiões, mais perigosas e violentas.
As ocorrências mais comuns, que eram de pequenos furtos e assaltos oportunistas, deram lugar aos arrastões com gangues e quadrilhas numerosas e perigosamente bem armadas.
Inicialmente, a fragilidade dos acessos das edificações provocada pela ausência de preocupação com a segurança nos projetos arquitetônicos em nome da estética condominial, em muito facilitou a ação dos que se aproveitavam dessa condição para praticar pequenos furtos. Soma-se a este fator a falta de treinamento dos funcionários das portarias, garagens e controladores de acesso para que ações de meliantes fossem ampliadas, após observar e planejar o crime em cima dos erros apontados.
Com o decorrer do tempo e mais atentos a tais deficiências, síndicos e construtoras passaram a investir altas somas de dinheiro em equipamentos e sistemas de segurança. Esse aparato evidentemente trouxe muitas vantagens para todos os moradores e frequentadores dessas edificações, entre elas maior sensação de proteção. Ou uma falsa sensação de proteção.
A aquisição desses aparelhos realmente cria um clima de segurança coletiva, mas, muitas vezes inexistente, visto que muitos moradores abrandam – alguns abandonam - o necessário cuidado individual. Tamanha é a confiança nos controles eletrônicos, que muitos condôminos deixam de se preocupar com todos os riscos periféricos. Abrem os portões das garagens muito antes de se aproximar dos mesmos, escancarando o acesso sem sequer verificar se existe algo suspeito nas proximidades e sem se preocupar se alguém aguarda justamente essa oportunidade para adentrar ao condomínio. Muitas ocorrências graves tiveram início com esse pequeno descuido.
Outro erro comum é deixar controles de acesso e chaves dentro do carro nos estacionamentos ou nos postos de lavagem, sem se preocupar com o risco de alguém furtá-los ou mesmo cloná-los.
Há outros equívocos geradores de risco. São inúmeras as vezes que a portaria recebe orientação do morador para liberar a entrada ou o acesso a garagem na chegada de um amigo ou parente, como se o funcionário pudesse memorizar e avaliar cada uma dessas situações. É importante alertar que essa prática, inclusive, também é utilizada pelos assaltantes, que previamente conhecem esse procedimento.
Com inúmeros riscos diante da cada vez mais ousada e violenta criminalidade, a quem cabe, então, cuidar da segurança coletiva? A resposta é única: a cada morador. Basta analisar as ocorrências noticiadas na mídia e constatar que grande parte das ações de bandidos começaram após uma negligência individual.
A interpretação errada de segurança nos induz a abandonar cuidados e procedimentos que sempre devem ser mantidos. É com o cuidado individual que se constrói e se mantem a efetiva segurança coletiva.
* Gabriel Karpat é diretor da GK Administração de Bens e coordenador do curso de síndicos profissionais da Gabor RH